A Volkswagen comemorou no dia 23 de março de 2008 55 anos de operações no Brasil. Considerada a maior montadora da indústria automobilística nacional, com cinco fábricas e mais de 21 mil funcionários no país, a história da empresa em terras brasileiras começou no dia 23 de março de 1953 num pequeno armazém alugado na rua do Manifesto, no tradicional bairro do Ipiranga, na capital Paulista.
1956 - A Volkswagen inicia a construção de sua fábrica de 10,2 mil metros quadrados no Km 23,5 da Via Anchieta (São Bernardo do Campo).
Detalhe da construção da fábrica da VW do Brasil na Anchieta em São Bernardo do Campo. Condições precárias que não impediram o início da fabricação nem de Kombis nem de Volkswagens de Passageiros.
1956 - Anchieta
Primeira linha de montagem da Volkswagen no Brasil
Primeiros Fuscas saindo da fábrica.
Detalhe do movimento na Avenida Anchieta na década de 60
Trajetória - Do armazém da rua do Manifesto, a então Volkswagen do Brasil Ltda. montava com peças importadas da Alemanha e apenas 12 empregados os primeiros Fuscas. Detalhe: na época, o mundialmente conhecido carro da marca ainda era chamado de Volkswagen Sedan. Lá, de 1953 a 1957, foram montados exatos 2.820 veículos – sendo 2.268 unidades do VW Sedan 1.200cc e os primeiros 552 exemplares da Kombi.
A Kombi nº 1, montada em 1957
Aliás, a também mundialmente conhecida Kombi foi o primeiro modelo da marca fabricado inteiramente em território nacional – inicialmente com 50% de suas peças e componentes produzidos no país. Quanto ao Fusca, lançado oficialmente por aqui no dia 3 de janeiro de 1959, foram 3,1 milhões de unidades produzidas até 1986.
O lendário Fusca
Em 18 de novembro de 1959, a Volkswagen inaugurou oficialmente a fábrica Anchieta, em São Bernardo do Campo, no Grande ABC paulista. A empresa logo iniciou um profundo trabalho de desenvolvimento de fornecedores no país e, no final de 1961, o índice de nacionalização - tanto do Fusca como da Kombi - já atingia 95%.
O então presidente da República, Juscelino Kubitschek, na inauguração da fábrica Anchieta
São Bernardo fábrica VW Via Anchieta 1960
Em 1962, a Volkswagen incrementou a produção local com o lendário esportivo Karmann-Ghia. Sucesso de vendas até 1975, o modelo saiu do mercado com 41.634 unidades comercializadas. Em 1969, foi a vez da primeira station wagon da marca: a Variant. Logo depois chegava o TL, que ficou no mercado de 1970 a 1975.
Karmann-Ghia
Em julho de 1970, a Volkswagen chegava ao primeiro milhão de veículos produzidos no Brasil. Dois anos depois, em março de 1972, a 1.000.000ª unidade vendida do Fusca. Em 1973, nascia outro enorme sucesso da marca: a Brasília, que vendeu um milhão de unidades até 1981, quando saiu de linha.
Em 1974, chegava outro lendário Volkswagen. Trata-se do Passat, que revolucionava o mercado à época com seu motor de quatro cilindros refrigerado a água e tração dianteira. O carro foi sucesso absoluto no Brasil e no exterior – principalmente no Iraque, para onde foram exportadas 170 mil unidades.
Já em 1975, a montadora completava 3 milhões de carros produzidos no Brasil e introduzia por aqui outro sucesso: o SP-1. Para aliviar a produção da fábrica Anchieta, em 1976, a Volkswagen inaugurou a unidade de Taubaté, no interior paulista - então responsável pelo fornecimento de peças estampadas, injetadas e de tapeçaria.
Fábrica de Taubaté
Em 1980, a montadora iniciava a produção da chamada Família BX - composta pelos modelos hatch Gol, sedan Voyage, station wagon Parati e picape Saveiro. O Gol, outro estrondoso sucesso da marca, foi criado para cumprir uma missão quase impossível: substituir o “lendário” Fusca.
E fez mais do que isso. Hoje em sua quarta geração, o Gol continua batendo todos os recordes da história automotiva nacional. Além de carro mais vendido no país pelo 21º ano consecutivo, já superou as 5 milhões de unidades produzidas.
Os lendários Volkswagen
O ano de 1987 foi marcado por uma forte queda do mercado automotivo. Para reduzir os custos e melhor aproveitar os recursos então disponíveis, a Volkswagen e a Ford uniram-se e criaram a Autolatina Brasil. Em sete anos, a Autolatina colocou no mercado uma série de carros híbridos e que ainda estão na memória de muitos brasileiros. Caso do Apolo, da Quantum e do Santana, ambos da VW, e seus “gêmeos” Verona, Royale e Versailles, da Ford.
Em 1988 foi lançado o Gol GTI, primeiro carro nacional com injeção eletrônica de combustível e ignição digital com mapeamento eletrônico.
O que parecia impossível aconteceu. Em 1993, a pedido do então presidente Itamar Franco, a Volkswagen volta a fabricar o Fusca. A idéia era combater o desemprego, estimular a produção de automóveis e oferecer uma alternativa popular de carro.
Após oito meses de preparativos e investimentos de US$ 30 milhões, o Fusca estava de volta trazendo junto 800 novos empregos diretos, 24 mil indiretos e inovações que o faziam melhor do que o modelo retirado de linha sete anos antes.
O "Fusca Itamar", como ficou conhecido, sofreu várias modificações e as campanhas publicitárias de seu relançamento falavam do novo Fusca como um velho conhecido que voltava de férias.
Como fez Juscelino Kubitschek na década de 50 o então Presidente da República Itamar Franco desfilou pela fábrica, no relançamento do fusca em um modelo especialmente feito para a ocasião.
Na ocasião quando o Presidente foi perguntado se compraria um Fusca, ele disse:
"não, pois lhe faltava dinheiro."
Fusca Itamar
Vidros laminados, catalisador, barras estabilizadoras na traseira e na frente, pneus radiais, freio dianteiro a disco, reforço estrutural, cintos de segurança de três pontos são alguns exemplos de melhoras, sem falar nos avanços tecnológicos do processo produtivo.
Em 1994, com a abertura da economia brasileira e aquecimento das vendas internas, a indústria vivia um novo cenário. As duas marcas precisariam competir em todos os segmentos e, portanto, deveriam oferecer um portfólio de produtos individualizados e implantar estratégias comerciais independentes. Chegava o fim da Autolatina.
O interior recebeu novo volante espumado, bancos com apoio de cabeça de série e revestimento protegido contra fogo. Havia até versão a álcool. O câmbio continuava de quatro marchas, com relação de diferencial 3,88:1,
A produção do fusca Itamar foi de 47.700 unidades e, em 1996, os últimos exemplares novamente se vestiram de pompa para mais uma despedida. Surgia uma nova Série Ouro, com revestimentos do esportivo Pointer GTi, novos mostradores de fundo branco, faróis de neblina e outras sofisticações. Em 28 de junho de 1996, mais uma vez a Volkswagen para de fabricar o fusca.
Também 1996, dois anos após a separação, a Volkswagen investiu cerca de R$ 500 milhões na inauguração de duas fábricas no Brasil. Primeiro, a fábrica de motores de São Carlos (SP), que produzia os propulsores dos modelos Golf e Audi A3. Em novembro do mesmo ano, a montadora iniciava em Resende (RJ) as operações da sua atual fábrica de caminhões e ônibus.
Fábrica de São Carlos
No mesmo ano da inauguração das duas fábricas, a Volkswagen iniciava uma fase de renovação de seu portfólio de produtos. Entre as novidades, o lançamento de modelos importados como New Beetle, Bora, Passat e Passat Variant.
New Beetle
Em janeiro de 1999, com investimentos de R$ 1,2 bilhão, a empresa inaugurou a fábrica de São José dos Pinhais, no Paraná. Lá, uniu a produção do Golf e do Audi A3 – modelo que deixou de ser produzido no Brasil em 2006.
Fábrica de Resende
Em 2002, outra unidade produtiva: a Nova Anchieta, uma moderna linha de produção dentro da primeira planta da Volkswagen no país. Com investimentos de R$ 2 bilhões, a instalação permitiu o lançamento do Pólo - a mais recente plataforma mundial da marca.
Produção do Polo na fábrica de Anchieta
No ano seguinte, cinqüentenário da Volkswagen no Brasil, mais dois marcos. Um foi o Gol Total Flex, primeiro veículo brasileiro a utilizar tecnologia bicombustível. Também em 2003, o lançamento de um dos atuais sucessos da marca: o Fox, modelo desenvolvido e produzido no país.
Fábrica de São José dos Pinhais
Em 2007, com o aquecimento da demanda por vendas no mercado nacional, a montadora anunciou um pacote milionário de investimentos, novas contratações e ampliação da capacidade produtiva com novos turnos de trabalho em suas fábricas. E a Volkswagen do Brasil quer mais. Para 2008, ano de mais um Salão Internacional do Automóvel de São Paulo, promete apresentar uma nova família de automóveis brasileiros.
Números - Durante mais de meio século, a Volkswagen do Brasil produziu aproximadamente 17 milhões de veículos - entre carros de passeio, comerciais leves, caminhões e ônibus. No mercado interno, vendeu quase 15 milhões de veículos. Para fora, exportou 2,3 milhões de unidades a mais de 50 países.
Fábrica de São Bernardo 2008
Atualmente, o segmento de carros e comerciais leves da Volkswagen responde por cerca de 23% do mercado total. São 17 modelos ao todo, entre nacionais (Gol, Fox, CrossFox, Parati, Polo Hacth, Polo Sedan, Saveiro, Golf, Kombi) e importados (SpaceFox, New Beetle, Jetta, Jetta Variant, Bora, Touareg, Passat e Passat Variant. Com mais de 21 mil empregados, é a única fabricante de veículos que possui cinco fábricas em todo Brasil - sendo uma exclusiva para a produção de motores.
Consulta: Canal do Transporte