domingo, 16 de maio de 2010

HISTÓRIA - VOLKSWAGEN VOYAGE (1981-1995)



Viagem Histórica
Por Gustavo do Carmo / Fotos: Divulgação, Editora Três e Revista Quatro Rodas

O sedã da nova geração do Gol, lançado este ano, não resgatou apenas o nome Voyage. Trouxe de volta uma história que ainda deixa muitos dos seus fãs saudosos, mesmo a Volkswagen tendo relançado o nome. Afinal, o Voyage 2008 não é o mesmo Voyage do passado.
O Voyage foi lançado em 1981 como o segundo modelo da nova família de compactos BX da VW. O primeiro foi o Gol, nascido no ano anterior. A perua Parati e a picape Saveiro viriam em 1982. Como no Fiat Siena em relação ao Palio, a montadora alemã também caprichou mais no sedã. Suas luzes de direção ladeavam os faróis e o motor era o 1.5 refrigerado a água do Passat. No hatch elas ficavam no pára-choque, deixando os faróis menores, e o propulsor era o mesmo 1.3 a ar do Fusca. O Gol esperou quatro anos para receber a novidade.

Em seu ano de estréia o Voyage foi eleito o Carro do Ano da Revista Autoesporte. Até para receber essa premiação o irmão mais velho precisou esperar (ganhou em 1990).

Em 1983 o Voyage ganhou as primeiras modificações: motor MD270 1.6 a água com mais torque (também havia o 1.6 a ar), câmbio de quatro velocidades com sobremarcha econômica, o chamado 3+E, e a carroceria de quatro portas. Pena que, naqueles tempos, carros de quatro portas ainda eram vistos como táxi. Por isso o Voyage nessa configuração foi rejeitado e saiu do mercado brasileiro em três anos. Durou até bastante.
Para festejar os jogos olímpicos de 1984 foi lançado o Voyage Los Angeles (em alusão à cidade-sede), que tinha rodas esportivas, discreto aerofólio, bancos anatômicos (os famosos Recaro) e pintura azul metálica bem chamativa.
Fora do mercado brasileiro o Voyage 4 portas continuou em produção porque a partir de 1987 passou a ser exportado para os Estados Unidos com o nome de Fox. Para atender as exigências do mercado norte-americano (foi vendido também no Canadá) ganhou ainda brake-light, injeção eletrônica, catalisador e cinto de segurança automático. Quem o acompanhou foi a perua Parati, lançada lá com o nome de Fox Wagon. Pelo menos duas alterações foram disponibilizadas logo para o nosso mercado: a nova frente (ligeiramente diferente, com os faróis alinhados à grade aqui e recuados lá, para mais segurança) e o novo painel. A terceira luz de freio só chegou em 1990, o catalisador em 92 e a injeção eletrônica no ano seguinte. O cinto de segurança automático nunca existiu por aqui.
No Brasil o Voyage já tinha motor 1.8 desde 1986 e a versão GLS desde o início. No final dos anos 80, junto com os seus irmãos Gol, Parati e Saveiro, recebeu o motor AE 1600 da Ford e mais uma reestilização parcial na linha 91. Pouco antes, o mercado interno já recebera de volta o modelo quatro portas no nível GL.
Em 1992 os norte-americanos pararam de comprar o Voyage. Em 94 ele deixou de ser fabricado no Brasil para ser importado da Argentina. Lá era chamado, primeiro, de Gacel, depois de Senda. No resto da América do Sul seu nome era Amazon. Suas vendas se encerraram de vez aqui no final de 1995 com a série especial Special. O objetivo foi abrir espaço para o Polo Classic, também fabricado lá, mas que nunca fez sucesso entre nós. O Voyage foi o único da família que não acompanhou a segunda geração do Gol.

Agora em 2008, para corrigir o que muitos consideram uma grande burrice, o Voyage volta para ajudar a Volkswagen a reconquistar a liderança do mercado.

domingo, 2 de maio de 2010

Volkswagen do Brasil


A Volkswagen comemorou no dia 23 de março de 2008 55 anos de operações no Brasil. Considerada a maior montadora da indústria automobilística nacional, com cinco fábricas e mais de 21 mil funcionários no país, a história da empresa em terras brasileiras começou no dia 23 de março de 1953 num pequeno armazém alugado na rua do Manifesto, no tradicional bairro do Ipiranga, na capital Paulista.
1956 - A Volkswagen inicia a construção de sua fábrica de 10,2 mil metros quadrados no Km 23,5 da Via Anchieta (São Bernardo do Campo).
Detalhe da construção da fábrica da VW do Brasil na Anchieta em São Bernardo do Campo. Condições precárias que não impediram o início da fabricação nem de Kombis nem de Volkswagens de Passageiros.1956 - Anchieta
Primeira linha de montagem da Volkswagen no Brasil
Primeiros Fuscas saindo da fábrica.



Detalhe do movimento na Avenida Anchieta na década de 60

Trajetória - Do armazém da rua do Manifesto, a então Volkswagen do Brasil Ltda. montava com peças importadas da Alemanha e apenas 12 empregados os primeiros Fuscas. Detalhe: na época, o mundialmente conhecido carro da marca ainda era chamado de Volkswagen Sedan. Lá, de 1953 a 1957, foram montados exatos 2.820 veículos – sendo 2.268 unidades do VW Sedan 1.200cc e os primeiros 552 exemplares da Kombi.
A Kombi nº 1, montada em 1957

Aliás, a também mundialmente conhecida Kombi foi o primeiro modelo da marca fabricado inteiramente em território nacional – inicialmente com 50% de suas peças e componentes produzidos no país. Quanto ao Fusca, lançado oficialmente por aqui no dia 3 de janeiro de 1959, foram 3,1 milhões de unidades produzidas até 1986.
O lendário Fusca

Em 18 de novembro de 1959, a Volkswagen inaugurou oficialmente a fábrica Anchieta, em São Bernardo do Campo, no Grande ABC paulista. A empresa logo iniciou um profundo trabalho de desenvolvimento de fornecedores no país e, no final de 1961, o índice de nacionalização - tanto do Fusca como da Kombi - já atingia 95%.
O então presidente da República, Juscelino Kubitschek, na inauguração da fábrica Anchieta
São Bernardo fábrica VW Via Anchieta 1960

Em 1962, a Volkswagen incrementou a produção local com o lendário esportivo Karmann-Ghia. Sucesso de vendas até 1975, o modelo saiu do mercado com 41.634 unidades comercializadas. Em 1969, foi a vez da primeira station wagon da marca: a Variant. Logo depois chegava o TL, que ficou no mercado de 1970 a 1975.
Karmann-Ghia

Em julho de 1970, a Volkswagen chegava ao primeiro milhão de veículos produzidos no Brasil. Dois anos depois, em março de 1972, a 1.000.000ª unidade vendida do Fusca. Em 1973, nascia outro enorme sucesso da marca: a Brasília, que vendeu um milhão de unidades até 1981, quando saiu de linha.
Em 1974, chegava outro lendário Volkswagen. Trata-se do Passat, que revolucionava o mercado à época com seu motor de quatro cilindros refrigerado a água e tração dianteira. O carro foi sucesso absoluto no Brasil e no exterior – principalmente no Iraque, para onde foram exportadas 170 mil unidades.
Já em 1975, a montadora completava 3 milhões de carros produzidos no Brasil e introduzia por aqui outro sucesso: o SP-1. Para aliviar a produção da fábrica Anchieta, em 1976, a Volkswagen inaugurou a unidade de Taubaté, no interior paulista - então responsável pelo fornecimento de peças estampadas, injetadas e de tapeçaria.
Fábrica de Taubaté

Em 1980, a montadora iniciava a produção da chamada Família BX - composta pelos modelos hatch Gol, sedan Voyage, station wagon Parati e picape Saveiro. O Gol, outro estrondoso sucesso da marca, foi criado para cumprir uma missão quase impossível: substituir o “lendário” Fusca.
E fez mais do que isso. Hoje em sua quarta geração, o Gol continua batendo todos os recordes da história automotiva nacional. Além de carro mais vendido no país pelo 21º ano consecutivo, já superou as 5 milhões de unidades produzidas.
Os lendários Volkswagen

O ano de 1987 foi marcado por uma forte queda do mercado automotivo. Para reduzir os custos e melhor aproveitar os recursos então disponíveis, a Volkswagen e a Ford uniram-se e criaram a Autolatina Brasil. Em sete anos, a Autolatina colocou no mercado uma série de carros híbridos e que ainda estão na memória de muitos brasileiros. Caso do Apolo, da Quantum e do Santana, ambos da VW, e seus “gêmeos” Verona, Royale e Versailles, da Ford.
Em 1988 foi lançado o Gol GTI, primeiro carro nacional com injeção eletrônica de combustível e ignição digital com mapeamento eletrônico.

O que parecia impossível aconteceu. Em 1993, a pedido do então presidente Itamar Franco, a Volkswagen volta a fabricar o Fusca. A idéia era combater o desemprego, estimular a produção de automóveis e oferecer uma alternativa popular de carro.
Após oito meses de preparativos e investimentos de US$ 30 milhões, o Fusca estava de volta trazendo junto 800 novos empregos diretos, 24 mil indiretos e inovações que o faziam melhor do que o modelo retirado de linha sete anos antes.
O "Fusca Itamar", como ficou conhecido, sofreu várias modificações e as campanhas publicitárias de seu relançamento falavam do novo Fusca como um velho conhecido que voltava de férias.
Como fez Juscelino Kubitschek na década de 50 o então Presidente da República Itamar Franco desfilou pela fábrica, no relançamento do fusca em um modelo especialmente feito para a ocasião.
Na ocasião quando o Presidente foi perguntado se compraria um Fusca, ele disse:
"não, pois lhe faltava dinheiro."
Fusca Itamar

Vidros laminados, catalisador, barras estabilizadoras na traseira e na frente, pneus radiais, freio dianteiro a disco, reforço estrutural, cintos de segurança de três pontos são alguns exemplos de melhoras, sem falar nos avanços tecnológicos do processo produtivo.
Em 1994, com a abertura da economia brasileira e aquecimento das vendas internas, a indústria vivia um novo cenário. As duas marcas precisariam competir em todos os segmentos e, portanto, deveriam oferecer um portfólio de produtos individualizados e implantar estratégias comerciais independentes. Chegava o fim da Autolatina.
O interior recebeu novo volante espumado, bancos com apoio de cabeça de série e revestimento protegido contra fogo. Havia até versão a álcool. O câmbio continuava de quatro marchas, com relação de diferencial 3,88:1,

A produção do fusca Itamar foi de 47.700 unidades e, em 1996, os últimos exemplares novamente se vestiram de pompa para mais uma despedida. Surgia uma nova Série Ouro, com revestimentos do esportivo Pointer GTi, novos mostradores de fundo branco, faróis de neblina e outras sofisticações. Em 28 de junho de 1996, mais uma vez a Volkswagen para de fabricar o fusca.
Também 1996, dois anos após a separação, a Volkswagen investiu cerca de R$ 500 milhões na inauguração de duas fábricas no Brasil. Primeiro, a fábrica de motores de São Carlos (SP), que produzia os propulsores dos modelos Golf e Audi A3. Em novembro do mesmo ano, a montadora iniciava em Resende (RJ) as operações da sua atual fábrica de caminhões e ônibus.
Fábrica de São Carlos

No mesmo ano da inauguração das duas fábricas, a Volkswagen iniciava uma fase de renovação de seu portfólio de produtos. Entre as novidades, o lançamento de modelos importados como New Beetle, Bora, Passat e Passat Variant.
New Beetle

Em janeiro de 1999, com investimentos de R$ 1,2 bilhão, a empresa inaugurou a fábrica de São José dos Pinhais, no Paraná. Lá, uniu a produção do Golf e do Audi A3 – modelo que deixou de ser produzido no Brasil em 2006.
Fábrica de Resende

Em 2002, outra unidade produtiva: a Nova Anchieta, uma moderna linha de produção dentro da primeira planta da Volkswagen no país. Com investimentos de R$ 2 bilhões, a instalação permitiu o lançamento do Pólo - a mais recente plataforma mundial da marca.
Produção do Polo na fábrica de Anchieta

No ano seguinte, cinqüentenário da Volkswagen no Brasil, mais dois marcos. Um foi o Gol Total Flex, primeiro veículo brasileiro a utilizar tecnologia bicombustível. Também em 2003, o lançamento de um dos atuais sucessos da marca: o Fox, modelo desenvolvido e produzido no país.
Fábrica de São José dos Pinhais

Em 2007, com o aquecimento da demanda por vendas no mercado nacional, a montadora anunciou um pacote milionário de investimentos, novas contratações e ampliação da capacidade produtiva com novos turnos de trabalho em suas fábricas. E a Volkswagen do Brasil quer mais. Para 2008, ano de mais um Salão Internacional do Automóvel de São Paulo, promete apresentar uma nova família de automóveis brasileiros.

Números - Durante mais de meio século, a Volkswagen do Brasil produziu aproximadamente 17 milhões de veículos - entre carros de passeio, comerciais leves, caminhões e ônibus. No mercado interno, vendeu quase 15 milhões de veículos. Para fora, exportou 2,3 milhões de unidades a mais de 50 países.
Fábrica de São Bernardo 2008

Atualmente, o segmento de carros e comerciais leves da Volkswagen responde por cerca de 23% do mercado total. São 17 modelos ao todo, entre nacionais (Gol, Fox, CrossFox, Parati, Polo Hacth, Polo Sedan, Saveiro, Golf, Kombi) e importados (SpaceFox, New Beetle, Jetta, Jetta Variant, Bora, Touareg, Passat e Passat Variant. Com mais de 21 mil empregados, é a única fabricante de veículos que possui cinco fábricas em todo Brasil - sendo uma exclusiva para a produção de motores.

Consulta: Canal do Transporte

Especial: A Fantástica Fábrica de Automóveis

Só dá pra dizer que era impressionante. Quando o e-mail do departamento de Marketing de Relacionamento da Volkswagen chegou à caixa de mensagens do e-mail do blog nos convidando para conhecer a linha de fabricação e montagem da fábrica de Taubaté (SP) – onde são produzidos Gol G4, Gol G5, Parati e o mais recente lançamento (ou relançamento, como preferir) da montadora, o Voyage – e ainda poder dirigir este último modelo na pista de testes da unidade, nós do Pit Stop ficamos surpresos com a possibilidade de se “aventurar” em uma das mais modernas fábricas de automóveis do país.



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Sendo assim, com esse convite irrecusável, eu, confirmei minha presença. Como também cada convidado podia levar um acompanhante, junto comigo foi meu irmão, e ele ficou todo impressionado... Tanto quanto eu.

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O ponto de encontro combinado para que o micro-ônibus nos levasse até a fábrica (cerca de 170 km de distância da cidade de São Paulo) foi a Volkswagen Haus, uma concessionária diferenciada onde são realizados eventos e que conta com um showroom composto pelos modelos topo de linha da montadora alemã. E lá estávamos nós, naquela terça-feira de fraca chuva, aguardando pela viagem. Após um café de boas vindas e apresentação da equipe que acompanharia os convidados pelo “passeio”, embarcamos no veículo e cerca de 2 horas depois estávamos passando pelo portão da fábrica de Taubaté, com seus 3,8 milhões de m² de área total.

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Foi explicado no final da visita que éramos o primeiro grupo que a VW convida para conhecer a linha de montagem e testar um modelo específico. A montadora quer aumentar a relação com os clientes e admiradores da marca. Logo, além do Clube do Voyage, estavam presentes também um representante do blog Pitstop e um representante do site Volks Page. Nossa visita teve seu começo agradando ao estômago. Sim, como chegamos na hora do almoço, a primeira coisa que fizemos foi almoçar no refeitório da fábrica, onde passam diariamente mais de 5 mil funcionários.

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Após “reabastecidos” e termos recebido jalecos, óculos de proteção e equipamentos de áudio (para que pudéssemos ouvir a guia) seguimos enfim para conhecer a linha de montagem da Volkswagen. A unidade de Taubaté teve sua produção iniciada em 1978, com o Passat, mas na verdade a fabricação do modelo era só uma preparação dos funcionários para que em 1980 o Gol começasse a ser produzido. O galpão da linha de montagem é impressionantemente grande. As carrocerias dos veículos sendo transportadas por máquinas presas ao teto chamam bastante a atenção.

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É possível perceber a organização e limpeza do local e é fácil se entreter com as mais variadas peças “chegando” por meio de máquinas ou até mesmo com o processo de montagem dos motores. O Gol G5 e Voyage predominavam na linha de montagem, enquanto o Gol G4 aparecia com menos frequência e a Parati menos ainda. Hoje, a unidade produz cerca de 1500 carros por dia. Após o processo de fabricação todos os veículos vão para uma pequena pista de avaliação, para que se confira se não há nenhuma irregularidade e depois para um túnel d’água, para verificarem sua vedação.

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Depois de ver a linha de montagem, no caminho para a linha de fabricação das peças nos foi mostrado um enorme depósito, onde carrocerias já fabricadas ficam armazenadas em fileiras verticais. A guia explicou que a “reserva” de carrocerias é necessária para que a fábrica consiga planejar e controlar sua produção. Segundo um técnico que nos acompanhava, o galpão da linha de fabricação era inteiramente novo e foi projetado para a fabricação da nova versão do Gol e Voyage. Novamente, se nota a limpeza e organização do local do trabalho, predominando mais ainda a presença de máquinas.

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Destaque para um equipamento exclusivo da unidade de Taubaté que, segundo a guia, foi desenvolvido pela Audi e é um dos mais modernos em questão de soldagem da carroceria, fazendo com que o processo seja realizado com perfeição. A ação dos braços mecânicos é impressionante, tanto por sua sincronia quanto pela velocidade com que realizam o trabalho. Com o equipamento é possível soldar 4 veículos ao mesmo tempo. Por um dos corredores do galpão estava a carroceria de um Gol, mostrando os pontos onde o modelo é soldado, e também havia a presença de carrocerias que foram danificadas durante o processo de fabricação, com uma indicação de onde estavam suas falhas.

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A excursão à “Fantástica fábrica de automóveis” (uma alusão ao filme “Fantástica fábrica de chocolate” feita pela responsável pelo convite, Elisabete Marques), acabou assim, deixando um grupo de apaixonados por carros com a sensação de que conhecer como os motivos de sua paixão são produzidos só fez crescer o sentimento.

Visita feita a convite da própria Volkswagen... Agradecimentos especiais à Elizabete Marques !!


Fotos retiradas do Pitstop;