Historicamente, os motociclistas fizeram parte de uma raça
caracterizada por seu feroz individualismo. Suas motos geralmente
refletem seu caráter individual e eles continuam a rodar mesmo quando
outros ao seu redor não conseguem entender por que alguém iria querer
locomover-se sobre duas rodas, completamente exposto, quando poderia
estar confortavelmente envolto em uma “gaiola.”
Essa diferença na escolha pessoal levou motociclistas em toda parte a
sentirem um forte senso de comunidade; todos em duas rodas sentiram-se
conectados, não interessando se sua moto era uma Harley ou uma Honda.
Este sentimento de conexão foi muitas vezes manifestado com o
“cumprimento biker” (biker wave, em inglês). Você ainda o vê na
estrada: dois pilotos ao se aproximar, darão um ao outro um aceno
despretensioso com a mão, reconhecendo a irmandade de estar ao vento
Geralmente, quando um motociclista para no acostamento, outras motos
costumam param ou ao menos diminuir a sua velocidade para ver se o amigo
piloto precisa de uma mão. Pelo menos é assim que costumava ser.
No ano passado, em meu caminho para o Reading Motorcycle Club Rally em Oley, Pensilvânia, minha moto sofreu uma pane elétrica e morreu na Route 422,
a apenas 15 minutos de distância do evento. Fiquei impressionado com o
fato de que, pelo menos uma dúzia de motos passou por mim e sequer um
motociclista parou ou diminuiu para ver se eu precisava de ajuda.
Finalmente, um ex-motociclista que estava em uma pick-up parou e me deu
uma carona para a cidade para que eu buscasse ajuda. Talvez este foi
apenas um acaso estatístico. Talvez a sorte não estivesse a meu favor
nesse dia.
Mas eu acho que há algo a mais acontecendo em nosso mundo. Na semana
passada eu fiz um passeio através do país Amish, no sudeste da
Pensilvânia. Acenei para os dois primeiros motociclistas que vi, e
nenhum deles acenou de volta. Então comecei a contar. Das oito motos
seguintes, apenas dois pilotos acenaram. Será que isso significa alguma
coisa? Caramba, eu estava andando na minha nova Harley – e a maioria
dessas motos também eram Harleys! O sociólogo em mim me diz que há um
significado maior para este fenômeno.
Vivemos em uma cultura caracterizada pelo alto individualismo. As
pessoas realmente acreditam que são os indivíduos que fazem este mundo
grande, e não os grupos e equipes de pessoas que trabalham em conjunto.
Eles acreditam que não precisam de ninguém além deles mesmos para
sobreviver. E quando eles ou outros ao seu redor têm problemas, eles
acreditam que o indivíduo é quem tem totalmente a culpa. Eles falham ao
ver como esses problemas pessoais estão, de fato, ligados a questões
sociais maiores. Todo o mito do individualismo, que é tão forte em nosso
país, está levando muitas pessoas por um triste caminho de estilos de
vida alienados e isolamento social.
Dados de pesquisas recentes mostram que cada vez mais as pessoas
dizem não ter em suas vidas alguém com quem conversar sobre problemas
pessoais. Em vez disso, eles se voltam para psiquiatras e psicólogos. Um
estudo mostra que em meados da década de 80, uma pessoa comum relatava
que tinha pelo menos três confidentes pessoais; hoje em dia este número
já está próximo de zero, ou seja, estamos mais sozinhos.
Andar de moto nos proporciona uma oportunidade única, tanto para
expressar nosso individualismo, quanto para abraçar a comunidade de
motociclistas e todos os bons trabalhos que eles fazem ao longo do ano.
Andar de moto também é sobre a comunidade. Não se esqueça que, ao
desfrutar o doce aroma de rodar contra o vento, é a sua comunidade que
te acena quando outro piloto se aproxima. Reconheça-o, deleite-se desta
sorte, abrace-a e sinta orgulho. E não se esqueça de acenar de volta.
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